Urbanismo e cidadania podem e devem andar juntos, avaliam especialistas
Arquitetas e urbanistas revelam como o planejamento de uma cidade se reflete essencialmente na promoção do bem-estar das pessoas de forma coletiva e individual
As últimas projeções da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que a população mundial deve atingir 8 bilhões no próximo dia 15 de novembro e 9,7 bilhões de pessoas até o ano de 2050. Atualmente, 55% estão vivendo em cidades e, daqui a 28 anos, serão 70%. Num cenário atual já de pouco espaço e poucos recursos naturais para muita gente, neste 8 de novembro, quando celebramos o Dia Mundial do Urbanismo, o desafio é entender esse conceito intimamente ligado a outro igualmente essencial à vida humana: o de cidadania.
A desigualdade social vem sendo debatida pelas autoridades há algum tempo sem muitos avanços, entretanto passou a ser cobrada pela sociedade. A cobrança é que a qualidade de vida existente em bairros nobres nas cidades também deve chegar aos bairros periféricos e garantir o bem-estar urbanístico para toda a população. E mesmo nos ambientes mais restritos e privados, como as casas e condomínios, a cidadania também pode ser exigida, impactando o menos possível ao meio ambiente e perpetuando o que é bom e essencial para as gerações futuras.
Sob essa ótica, as praças que frequentamos, as escolas onde estudamos ou onde levamos nossos filhos, como no locomovemos dentro da cidade, onde fazemos nossas compras, onde reunimos para nos divertir, os espaços culturais que visitamos, como moramos, tudo isso é urbanismo, mas também é cidadania.
Mas como obter sucesso trazendo a cidadania para o centro do debate urbanístico? Para responder a essa pergunta, convidamos quatro arquitetas e urbanistas para falarem sobre urbanismo e como ele se encontra com a cidadania. Confira:
Suzy Alves – arquiteta e urbanista
Suzy Alves
Com mais de 30 anos de mercado, Suzy Alves é formada em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Católica de Goiás (PUC Goiás) e hoje é sócia da Norden Arquitetura, um dos mais importantes escritórios de arquitetura do Centro-Oeste. Para ela, o princípio básico do urbanismo é a criação e organização de uma cidade, desde a elaboração das glebas, a análise da topografia, passando pelo traçado das ruas, a aplicação da legislação local e o planejamento do paisagismo. “O urbanismo proporciona cidadania justamente quando essas regras e normas urbanísticas são pensadas de forma a levar bem-estar a todos, assegurando os direitos sócio-econômicos de cada um”, afirma.
Sarah Jorge – arquiteta e urbanista
Sarah Jorge
Para a arquiteta e urbanista Sarah Jorge, que também é formada pela PUC Goiás e atua no mercado da construção civil há mais de 10 anos, o urbanismo é, sobretudo, criar condições que proporcionem uma vida agradável e segura para todos nesses espaços urbanos. “As pessoas, na maioria das vezes, acham que segurança numa cidade é apenas policiamento, vigilância ou algo assim. Mas muitas vezes, a forma como é disposta uma via, ou um calçamento, como um bairro é planejado, a disposição dos lotes, tudo isso auxilia na segurança. Portanto, um bairro bem pensado, com um calçamento correto, com abertura de ruas mais largas e mais confortáveis, uma arborização bem planejada traz esse bem-estar e segurança”, destaca a especialista, que também é sócia do escritório Norden.
A arquiteta e urbanista identifica também que a maior ocupação ou maior usufruto dos espaços públicos, como as praças, por exemplo, se converte em outro fator que agrega segurança. “A medida que um grande número de pessoas ocupa esses espaços de lazer de forma contínua ao longo dia, seja no período diurno ou noturno, mais pessoas se sentem seguras em ocupar e usar esses locais. Então, o urbanismo traz a cidadania à medida que se cria ambientes de usufruto público e que sejam adaptados a todos os tipos de pessoas, seja crianças, idosos ou pessoas com deficiência que irão usar esses locais de forma confortável e segura, proporcionando assim uma convivência urbana saudável”, pontua Sarah.
Nicole Garrido Saddi – arquiteta e urbanista
Nicole Garrido Saddi
Diretora de Projeto Executivo da Norden Arquitetura, a arquiteta e urbanista Nicole Garrido Saddi avalia que o urbanismo é uma ciência que pensa as cidades para pessoas de hoje e de amanhã. “Por meio dela [ciência do Urbanismo] é possível pensar e executar uma boa interligação entre os bairros e os espaços de serviço, levando-se em conta, é claro, uma infraestrutura de vias públicas que contemplem, não só o volume de pessoas do presente, mas também preveja uma expansão urbana. Quando no futuro houver mais pessoas, essas vias manterão sua integração com fluidez.”, explica a arquiteta e urbanista, também formada pela PUC Goiás.
Mobilidade e áreas verdes, dois elementos estudados pelo urbanismo, fundamentais para qualquer cidade e que, segundo Nicole, cruzam sempre com a questão da cidadania. “Esse planejamento urbanístico das vias precisa também levar em consideração o sistema de transporte público, que deve ser eficiente. Urbanismo é também pensar nos espaços verdes da cidade, que são indispensáveis para questões ambientais e o conforto da população”.
Karla Patrícia Fernandes
Formada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e 15 anos de mercado, a arquiteta e urbanista Karla Patrícia Fernandes, ao explicar sua visão de urbanismo, lembra das várias escolas e correntes urbanísticas que já existiram. “Temos o urbanismo modernista, que foi muito importante no Brasil. Brasília e Palmas são grandes exemplos dessa corrente, que traz núcleos pensados para os pedestres, mas ao mesmo tempo propõe vias largas, expressas e interligadas, para você poder percorrer longas distâncias de carro”, destaca. Mas hoje, segundo ela, a ideia mais atual de urbanismo são as smarts cities, que são as cidades inteligentes, cuja principal característica é uma cidade mais compacta, com várias centralidades, onde você encontra vários serviços perto de casa.
Para a arquiteta e urbanista, que também é sócia-diretora da Norden Arquitetura, urbanismo é um conjunto de políticas públicas que organiza a cidade e seus espaços, visando a qualidade de vida das pessoas. “Se para uma casa você precisa ter uma organização dos ambientes que reflita uma logística agradável a todos da casa, no urbanismo isso ocorre em larga escala. Então, num bairro ou cidade onde há várias unidades habitacionais, você precisa ter qualidade de vida para todas as famílias que lá vivem, assegurando acesso a serviços, comércio, cultura, saúde, transporte, educação e outros, portanto, é aí que o urbanismo se encontra com o conceito de cidadania”, conclui.
Há histórias que não cabem em edição. Nem em roteiro.Elas acontecem com a força de quem existe. E foi assim com Zeudi Di Palma — Miss Itália, nascida em Scampia, filha da periferia e da própria dignidade. No Grande Fratello, não entrou para agradar. Entrou inteira.
Trouxe sua doçura firme, sua inteligência silenciosa e a coragem de ser quem é: uma mulher bissexual, livre de rótulos, plena na própria identidade. Mas liberdade incomoda. Principalmente quem vive da aparência. E foi aí que o enredo escureceu.
Helena Prestes, modelo brasileira, que a princípio demonstrava afeto, virou o rosto quando Zeudi não cabia mais na narrativa conveniente. Desacreditou sua bissexualidade. Sugeriu que tudo era estratégia. Como se amar mais de um gênero fosse apenas uma jogada para a câmera.Não foi um comentário. Foi um corte. Um ataque disfarçado de dúvida — o tipo mais perverso.
Enquanto isso, Javier, o argentino com quem Helena viria a viver um romance, reforçava a onda de hostilidade com falas igualmente questionáveis sobre a orientação de Zeudi. O que se viu, então, foi o velho roteiro: Uma mulher sendo deslegitimada por amar fora da caixinha.
Uma bissexual sendo tratada como “menos legítima” diante de uma paixão heteronormativa televisionada. Helena Prestes preferiu o caminho fácil — ficar ao lado do desejo socialmente aceito, mesmo que isso custasse o respeito pelo outro.
Mas Zeudi não se dobrou. Não discutiu. Respondeu com classe, com verdade e com sua carta à mãe, onde dizia: “Me sento livre pela primeira vez.” E foi ali, nesse silêncio carregado de verdade, que ela venceu. Venceu o jogo da dúvida. Venceu a tentativa de apagamento. Venceu a lógica de que só o amor que se encaixa é válido. E não venceu sozinha. Foi acolhida, exaltada e protegida por um exército de luz: os Zeudiners.
Um fandom que nasceu do afeto e cresceu com propósito — para dizer ao mundo que nenhuma verdade deve ser calada. Eles a abraçaram quando muitos viraram o rosto. Transformaram dor em força, e força em presença. Hoje, Zeudi pisa no Brasil com a leveza de quem sobreviveu ao julgamento e não perdeu o brilho. Vem não como ex-participante. Vem como símbolo. Vem como mulher que resistiu ao corte e floresceu.
Que sua história ecoe em quem já foi silenciado. Que sua verdade inspire quem ainda tem medo. E que Helena — e todos como ela — entendam: a liberdade do outro não é ameaça.É convite à própria libertação.
Não quero ser melhor que os outros, apenas quero ser sempre melhor do que eu mesmo. Assim estarei me superando. Você tem o direito de falar o que pensa, Mas não tem o direito de julgar quem não conhece Liberdade de expressão é um direito de todos, mas não lhe dá o direito de inventar histórias sobre o outro. Eu posso ser bem melhor do que sou, preciso ser. Posso dar bem mais, ser bem mais. É sempre nossa exigência. Esquecemos que somos humanos com erros e acertos. ERRAMOS!!!
O amor verdadeiro deveria ter perdão para todas as vidas, menos para as vidas sem amor e sem educação. Gratidão deve vir antes de tudo e o agradecimento acompanhado do abraço apertado de acolhimento. Temos sim, o direito de sentir as tristezas, lamúrias, mas não nos dá o direito de carregar as sombras. Precisamos da luz, vitamina D e humor. Isso nos trás a paz nos céus azuis, e somos nós que devemos sentir o palco da vida com holofote.
Faço o meu caminho, pisando no chão que me é exposto. E não me venham com histórias penosas, telefone sem fio da vida do outro, de fracassos, e energia ruim, detesto-as. Tenho tentado seguir em frente e procurar outras paisagens. As vezes, me exausto da vida. Me dou este direto de vez em quando. Mas não posso me dar o luxo de parar o ponteiro do relógio.
Se quiser me acompanhar, tem assento vago, só lembrando que a viagem não sai de nenhuma estação, e nenhuma zona de guerra, nem da zona de conforto porque não é interessante passar a vida desconfortável. Com sonhos que morrem. Viaje comigo sem controle remoto, seja suave no caminho e o foda-se engatilhado.
O maestro gesticula Mozart enquanto a pianista, com toda sua delicadeza, se debruça sobre o piano para arrancar suas notas. Em um jantar no Rio de Janeiro, conheci a musicista Virginia Hogan. Uma mulher delicada, bonita, cheia de charme com um sorriso único, dedilhava seu carisma para sua platéia. Todos conectados, o universo estava naquele palco ao som de seu piano, eu fechei meus olhos e pude ouvir a poesia do mundo. E foi ali que eu nasci de novo. Um piano, a pianista é tudo tão mágico. Assim como ela, eu também escorregava as mãos sobre a vida. Tentava com persistência e coragem encontrar o ponto de começo ou, ao menos, a ponta do fio que desenrolava todo o resto. A mim me encantava que a primeira nota do soneto fosse a primeira consoante do que a força que seu dom musical me causava, eu queria escutar cada estrofe, o ritmo de suas mãos do teclado do piano. Ela toca mil sinfonias de poemas que não fizeram do tempo um inimigo que apagasse dos seus sonhos. E era assim, na agilidade como pianista, que ela bombardeia o coração de todos. A platéia escutava no silêncio do céu. Usava a poesia de seu piano como um caminho para as estrelas, até o afeto da sensibilidade cheio de sinfonia. Contava os versos, os equívocos, a camada fina de tecido que separa o toque dos nossos corações. Cada nota tocada de Virgínia Hogan, eu não consigo pensar em mais nada, somente nos toques suaves de uma excelente pianista. Luzes se acendem, e todo o cenário aparece, e a Virgínia aparece, tocando a melodia de amor e de suas tragédias que permite a movimentação dos seus dedos nos acordes eruditos de seu piano e sua expressão da vida. E o que pode uma mulher quando um deus em seu fascínio a invade, pela alma, com “Beethoven” em seu piano? Virginia nos leva a reflexão.
No show, a pianista estará acompanhada por Boaz Sharon, os maestros Lee Mills e Anderson Alves e receberá a soprano Maria Gerk. Dia 22 no Teatro Municipal do Rio de Janeiro às 19:hs