Resumo de 3ª feira, 29 de março de 2022
Edição de Chico Bruno
Manchetes
Valor Econômico – Adriano Pires é indicado à presidência da Petrobras
O GLOBO – Ministro da Educação cai após denúncia de corrupção
O ESTADO DE S.PAULO – Dez dias após revelação de gabinete paralelo liderado por pastores, ministro cai
FOLHA DE S.PAULO – Escândalo derruba Ribeiro do MEC
CORREIO BRAZILIENSE – Denúncias de corrupção derrubam Ribeiro do MEC
Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia
Surpresa na Petrobras – O Ministério de Minas e Energia confirmou a indicação do economista Adriano Pires para suceder o general Joaquim Silva e Luna no comando da Petrobras. A indicação ocorre após o presidente Jair Bolsonaro decidir trocar o comando da empresa em meio à crise dos preços altos combustíveis. De acordo com o ministério, foram indicados seis nomes pela União — como acionista controladora — para compor o conselho de administração da estatal. Para assumir, eles dependem de aprovação pela assembleia geral ordinária da Petrobras, que ocorrerá no dia 13 de abril. A lista aponta Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, para exercer a presidência do conselho da estatal e Pires, atual presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), para o cargo de presidente da companhia. “O governo renova seu compromisso de respeito à sólida governança da Petrobras, mantendo a observância dos preceitos normativos e legais que regem a empresa”, afirmou o ministério, em nota. Os outros seis indicados para o conselho são: Sonia Villalobos, Luiz Henrique Caroli, Ruy Flaks Schneider, Marcio Weber, Eduardo Karrer e Carlos Eduardo Lessa Brandão. Villalobos é professora de pós-graduação e já atua como conselheira da Petrobras desde 2018. Schneider, engenheiro, também já faz parte do colegiado na petroleira e na Eletrobras. Weber, que trabalhou por 16 anos na estatal e foi um dos pioneiros no desenvolvimento da Bacia de Campos, seguiu carreira em outras empresas da cadeia de petróleo e gás.
Vai tarde – Quarto ministro da Educação do governo Bolsonaro, Milton Ribeiro foi exonerado ontem, em meio a um bombardeio político que vinha até mesmo de aliados do Palácio do Planalto. A demissão foi sacramentada após a revelação de que fotos do ministro e a dos dois pastores suspeitos de formarem um “gabinete paralelo” — Gilmar Santos e Arilton Moura — haviam sido impressas em Bíblias e distribuídas a fiéis de igrejas evangélicas. Ribeiro vinha resistindo a denúncias de ilegalidades na pasta há pelo menos 10 dias. O próprio presidente afirmou, na quinta-feira, que colocaria “a cara no fogo por ele”. Mas a confiança acabou no fim de semana. Havia, ainda, a expectativa de que ele deixasse temporariamente o cargo, mas, diante do desgaste político do governo, o ministro caiu.
MEC nas mãos do Centrão – Com a saída de Milton Ribeiro do Ministério da Educação, assume interinamente o secretário-executivo da pasta, Victor Godoy, até que o presidente Jair Bolsonaro escolha um substituto definitivo. Servidor de carreira da Controladoria-Geral da União (CGU) desde 2004, no qual atuou como auditor fiscal e chefe de divisão, ele ocupa o segundo cargo do ministério desde julho de 2020. Será o quinto ministro da Educação desde o início do governo de Jair Bolsonaro. O servidor é formado em Engenharia de Redes de Comunicação de Dados, com pós-graduação em Altos Estudos em Defesa Nacional pela Escola Superior de Guerra (ESG); em Globalização, Justiça e Segurança Humana pela Escola Superior do Ministério Público, em parceria com duas universidades internacionais. A indicação do secretário-executivo para ser ministro partiu de Milton Ribeiro e foi comunicada ao presidente Bolsonaro ainda no final de semana. Contudo, outros dois nomes, o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Ponte, e o diretor de Ações Educacionais também do Fundo, Garigham Amarante Pinto, são cogitados para assumir o cargo. Os dois nomes são ligados ao Centrão. Ponte foi chefe de gabinete do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente licenciado do PP. Garigham foi assessor do PL, partido ao qual Bolsonaro é filiado. Ambos deixaram as legendas para assumir os cargos no FNDE. A exoneração de Milton Ribeiro, que não é filiado a qualquer agremiação política, abre brecha para que o Centrão ocupe o MEC. O interesse do bloco partidário está no volume do orçamento e na capilaridade de ações da pasta nos municípios do país.
Após sentir-se mal, Bolsonaro dá entrada no HFA – O presidente Jair Bolsonaro (PL) passou mal na noite de ontem e foi encaminhado ao Hospital das Forças Armadas (HFA). Segundo relatos, ele sofreu indisposição, dores na barriga e refluxo. Bolsonaro foi atendido por uma equipe médica do Palácio do Planalto e em seguida encaminhado para o HFA, onde passou por uma bateria de exames. Há uma suspeita, na equipe médica, de que o presidente esteja com um novo quadro de obstrução intestinal. O chefe do Executivo era aguardado para a cerimônia de filiação de dois de seus ministros — Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) e Damares Alves (Família, Mulher e Direitos Humanos) ao Republicanos. Mas, devido ao mal-estar, ele não compareceu. Um parlamentar governista afirma que o presidente sentiu dores abdominais e foi ao HFA fazer novos exames.
Após desgaste, PL desiste de ação contra Lollapalooza – O veto às manifestações eleitorais no Lollapalooza gerou o efeito contrário ao pretendido pelo Partido Liberal, do presidente Jair Bolsonaro. A legenda desistiu da ação contra o festival de música na noite de ontem, na qual, antes, acusava artistas e organizadores de propaganda eleitoral antecipada. A ação conseguiu uma decisão provisória, dada de forma monocrática pelo ministro Raul Araújo, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que proibiu manifestações de cunho político durante os shows, realizados em São Paulo, no fim de semana. O assunto também causou incômodo no presidente do TSE, Edson Fachin, que pretendia levar o caso com urgência ao plenário da Corte. O magistrado afirmou que o histórico da Corte é de defesa “intransigente” da liberdade de expressão. Decisões monocráticas são levadas para apreciação do tribunal pelo presidente do TSE, para os demais ministros manterem ou cancelarem a determinação.
Celso de Mello avalia decisão como totalitária – O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello classificou como “totalitária” e “despótica” a decisão do ministro Raul Araújo, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que proibiu protestos contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), durante os shows do festival Lollapalooza. O magistrado fez uma alusão à obra 1984, de George Orwell. “Impressionante e atual, na expressão de Orwell, a manifestação mais distópica da mais alta Corte Eleitoral”, afirmou. “O TSE, com essa recentíssima decisão no caso do espetáculo Lollapalooza, ter-se-ia transformado em instrumento da vocação totalitária do ‘Grande Irmão (Big Brother)? E passou, na novilíngua do Estado totalitário, a observar (e a respeitar) o lema autocrático ‘Guerra é paz. Liberdade é escravidão. Ignorância é força’?”, completou.
O primeiro grande embate – Um dia depois de o governo anunciar a saída do presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, o ex-presidente Lula estará no Rio de Janeiro para discutir o preço dos combustíveis com a Federação Única dos Petroleiros (FUP). É por aí que os petistas pretendem começar o embate com Bolsonaro. Lula não tratará dos malfeitos na Petrobras ao longo dos governos petistas, ponto sempre levantado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ex-juiz Sergio Moro. Os petistas também não pretendem tratar dos preços dos tempos do governo Dilma, que subiram bastante. A ordem entre os aliados de Lula é lembrar que, em seus oitos anos de governo, o preço subiu 43 centavos. Esta é a comparação que o ex-presidente fará.
Cena esquecida – Em junho de 2008, Lula esteve em Roma, num evento da FAO, e se colocou como um mascate do etanol brasileiro. Em uma entrevista, chegou inclusive a pedir à então primeira-dama, d. Marisa, que entrasse no salão segurando um grande carro de brinquedo, feito de plástico de cana. Lula, porém, com as notícias do pré-sal em 2009, deixou o etanol de lado e passou a apostar no petróleo. Há quem diga que, se tivesse apostado no álcool combustível, a história agora seria outra.
Leite anuncia renúncia – O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), anunciou ontem que renunciará ao cargo no estado para “se apresentar” [para ser útil nesse momento histórico da política]. Leite tem a convicção de que deve participar “ativamente” desse momento. O comunicado foi feito em coletiva de imprensa com ares de lançamento de pré-campanha. Leite deixará o governo no próximo dia 2 de abril, data limite dada pela Justiça Eleitoral para desincompatibilização. Em seu lugar ficará o vice-governador, Ranolfo Vieira Junior (PSDB). “Aos gaúchos entendo que vão entender meu gesto. Não estou saindo, estou me apresentando”, declarou, dirigindo-se aos sul-riograndenses. O chefe do Executivo gaúcho também afirmou, na coletiva, que ficará no PSDB. Nas últimas semanas foi ventilada a saída de Leite da legenda para concorrer à Presidência pelo PSD, partido comandado por Gilberto Kassab, o que não se confirmou. O governador do Rio Grande do Sul disse, ainda, que está em contato com o candidato eleito democraticamente pelas prévias do PSDB, João Doria (SP). Segundo ele, o governador paulista está alinhado com os “mesmos sentimentos” em relação a uma viabilidade de alternativa para o Brasil. Isso significa que ele aceitará a melhor escolha para o país em prol de um projeto maior.
Vacina é estrela de vídeo de campanha de Doria – Nos bastidores da pré-campanha de João Doria, interlocutores do governador paulista avaliam, com base em pesquisas, que não haverá mudança no cenário eleitoral até julho e, por isso, é preciso segurar a pressão até lá, seja ela interna ou externa. Enquanto isso, a aposta é focar a campanha do tucano, que deixa o governo de São Paulo nesta semana, na produção da Coronavac, com o mote de que “a vida voltou ao normal depois da vacina”. Começou a circular ontem, entre aliados, um vídeo com uma amostra do que deve ser a campanha que terá a Coronavac como a estrela principal. Doria assistiu às imagens pela primeira vez durante uma reunião com seus secretários e se emocionou.
Bolsonaro define quem será o novo comandante do Exército – O presidente Jair Bolsonaro decidiu indicar para o comando do Exército o general Marco Antônio Freire Gomes, hoje no Comando de Operação Terrestres. O atual comandante, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ocupará a cadeira do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, conforme já publicado pelo Valor – o atual ministro é o principal cotado para ser vice de Bolsonaro na tentativa de reeleição. A oficialização dos novos nomes deverá ocorrer somente na sexta-feira, dia 1º de abril, data prevista para a posse. Na manhã desta segunda-feira, Bolsonaro fez uma reunião no Palácio do Planalto para selar sua decisão. Participaram do encontro: Braga Netto, Nogueira de Oliveira e os comandantes da Marinha, almirante Almir Garnier, e da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior.
Braga no PL – O ministro da Defesa, Walter Braga Netto, já se filiou ao PL de Valdemar Costa Neto. Ele deve disputar a campanha ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL), como seu vice. O general assinou a ficha para entrar no partido, mas não fez nenhuma divulgação ainda. Aliados do ministro não descartam, porém, que ele possa migrar para outra sigla. Apesar da filiação ao PL, o ministro ainda é cortejado por outras legendas, como o PP. Havia uma tentativa do entorno do presidente de tentar uma composição com outras siglas. A expectativa é a de que a vice pudesse ser de alguém filiado ao partido de Ciro Nogueira (PP), ministro da Casa Civil. Se Braga Netto se mantiver no PL e concorrer como vice de Bolsonaro, será chapa “puro -sangue” –uma raridade em disputas eleitorais, em especial pela Presidência da República.