O conceito de psicomotricidade é muito importante para o desenvolvimento da criança em seus primeiros anos de vida, porém poucas pessoas sabem o que é. Segundo a Associação Brasileira de Psicomotricidade, essa é a ciência que estuda o ser humano através do movimento, relacionando também suas ações com o mundo interior e exterior. Trata-se da capacidade da pessoa em determinar e executar mentalmente seus movimentos corporais. O conceito está intimamente relacionado ao processo de maturação, no qual o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.
Na educação, por exemplo, sobretudo na etapa infantil, tal conceito contribui ativamente com a formação dos esquemas corporais, estimulando a prática dos movimentos ao longo das fases. Tais estímulos são propostos através de atividades lúdicas e divertidas. Enquanto brincam, as crianças aprendem na prática como se relacionar com o mundo e o espaço nos quais vivem.
Ou seja, a questão vai muito além de brincar. É o que reforça o professor de educação física da Escola Canadense Maple Bear, Filipe Ribeiro. “As crianças da educação infantil estão em um momento muito importante para o desenvolvimento das habilidades motoras. Todo o projeto de ensino da instituição é bastante lúdico e colabora de forma geral com brincadeiras, desafios, jogos, coisas que tragam esse desenvolvimento por meio de atividades interativas, algo que elas possam se divertir”, afirma ele.
Segundo Filipe, o momento em que vivemos atualmente, com o retorno das atividades escolares de forma presencial, ressalta de forma mais evidente a importância das atividades de educação física para esse público específico.
“Em razão da pandemia da Covid-19, as crianças ficaram muito tempo dentro de casa. Nesse ambiente também é possível praticar algumas coisas, mas não é como na escola, em que temos espaço, materiais adequados, o convívio com os colegas. O retorno dos alunos para a escola tem sido muito positivo, pois durante o período de aulas remotas, as aulas de educação física tiveram uma dinâmica muito diferente do que eles estão acostumados. Os encontros eram virtuais, com materiais adaptados, o espaço muitas vezes reduzido, por muitas vezes não tinham com quem realizar as atividades e faziam sozinhos. Eles voltaram com mais vontade de participação”, ressalta o professor.
Aspectos da psicomotricidade
Conforme o professor, durante as aulas de Educação Física, para trabalhar e estimular esse desenvolvimento de habilidades, são utilizadas diversas estratégias. “É importante compreender que nem tudo é lúdico. Existe muita intencionalidade nesse processo de estímulo”, diz Filipe Ribeiro. “Utilizamos de muitas brincadeiras, muitos jogos, mas o trabalho cognitivo é feito por meio das interações, para que a criança sinta as atribuições, pense e se desenvolva por meio dessas atividades. Quando elaboramos algum jogo ou brincadeira, o objetivo sempre vai além. A ideia é que a criança consiga se organizar, compreender as regras, pensar e criar soluções para os problemas que ela vai encontrar ao longo desse percurso”, destaca o professor.
“Quando penso em uma aula, já tenho que pensar também no aspecto a ser trabalhado. Por exemplo, posso trabalhar a lateralidade, movimentos com as mãos esquerda e direita em crianças na faixa etária de 7 e 8 anos. Nesse caso, poderia colocar um alvo e cada criança faria um arremesso com cada mão. Essa seria uma atividade simples, no entanto, pouco atrativa. Agora, colocando esse mesmo objetivo dentro de uma brincadeira, a dinâmica muda. Posso usar da mesma estratégia em um jogo de queimada, ir alterando as regras, para estimular o uso das duas mãos. Dessa forma, eu atingiria o mesmo objetivo, mas de uma forma mais divertida para eles e que traria outros benefícios, gerando interatividade com os colegas, trabalho em grupo, entre outras questões”, completa Filipe.
É importante esclarecer ainda que o desenvolvimento mal estruturado da criança pode trazer problemas na escrita e na leitura, entre outros relacionados ao mau desempenho. Cabe aos profissionais e às instituições auxiliarem de maneira favorável, dando recursos, além de apoio e suporte para os estudantes, pois a má formação é muito grave para a formação da criança, gerando atrasos na formação organizacional do indivíduo.
Controlando emoções
“Com o retorno para a escola, mais espaço, contato direto com o professor, com os colegas, os alunos ficaram muito animados e empolgados para a aula de Educação Física. Eles esperam muito pelas dinâmicas da aula, por poder correr. Sabemos que eles se divertem de forma geral na instituição, mas agora depois da pandemia, isso está ainda mais forte”, afirma o professor Filipe Ribeiro.
De acordo com ele, a disciplina também trabalha diversos aspectos emocionais. Filipe destaca que as atividades físicas propostas são gastos de energia importantes para os alunos. “No momento da aula as crianças podem correr, brincar, isso é muito atrativo para eles, mas além disso, gera diversos sentimentos”, afirma.
“Com a prática das atividades físicas, os alunos gastam energia, conseguem extravasar, conseguem vivenciar o sentimento de perdas, vitórias, superação de desafios. São diversas emoções que auxiliam no desenvolvimento do aluno de forma geral, inclusive nas atividades extracurriculares ou no convívio familiar e social”, completa o profissional.