Quem nunca filosofou à beira de um bom cabernet sauvignon? Ou então degustando um malbec encorpado acompanhado de um excelente churrasco? À beira da praia ou da piscina, degustando um sauvignon blanc ou um frutado chardonnay? Sim, o vinho continua sendo propício às filosofias da vida, ao pensamento, às reflexões.
Poucas vezes paramos para refletir o que afeta a todos nós: a culpa, o tédio, a ansiedade, nossas dificuldades de agir, a solidão. Em volta de uma boa taça de vinho, as amizades se fortalecem, lágrimas se enxugam, dores passam, amores se amam. A bebida de baco, faz de cada refeição uma ocasião, cada mesa mais elegante, cada dia mais civilizado e afoga todos os pesares.
De acordo com Carl Jung, O que a maioria de nós leva para os relacionamentos não é a plenitude, mas a carência. A carência implica uma ausência dentro de si mesmo. A solidão, é uma força poderosa, capaz de criar ilusões poderosas. Ninguém pode realmente entrar dentro de você e substituir a peça que está faltando. Abra um espumante, se for só, bacana também. Somos a companhia mais importante para nós mesmos. Crie sua própria história, com alguém ou sozinha, o importante é procurar fazer de sua vida um livro cheio de histórias empolgantes com começo, meio e fim.
Nos Estados Unidos, Benjamin Franklin, ( 1706 – 1790 ),filósofo e político, dizia : “O vinho é prova constante de que Deus nos ama e nos deseja ver felizes”. Como eles, muitos outros filósofos e pensadores, em algum momento fizeram citações sobre o vinho e a vida , porém o mais importante é saber que na verdade, ao longo da história, o homem ama a vida e o vinho, não porque está acostumado a eles e sim porque quer amor, colo, aconchego, paz, felicidade…
Para finalizar, encerraria com a visão equilibrada de Kant, que, mesmo sem deixar quase nunca sua pequena cidade alemã onde viveu, dizia que é impossível conhecer as coisas em si mesmo (o ser em si). Só conhecemos as coisas tal como as percebemos (o ser para nós). Esta posição de Kant significa uma síntese entre idealismo e realismo, espírito com que a vida “pode” e “deve” ser encarada. Meus leitores: – existe, sim, um senso comum de avaliação para os vinhos e a vida que independe de sexo, idade, cultura. O vinho é algo com que se vive de acordo, e também se vive de acordo com uma ideia. Bebido na ocasião certa, no lugar certo e na companhia certa, o vinho é o caminho para a meditação e o arauto da paz. Ele melhora o convívio humano e tem o poder de colocar o amor e o desejo a uma distância que os torna passíveis de ser discutidos. Ou seja, todos os homens avaliam raramente que existem opiniões discrepantes quando grupos degustam vinhos nas mesmas condições. Assim, então, o vinho não viola a razão, mas convida-nos gentilmente a uma agradável alegria. Parafraseando Descartes, “Bebo vinho, logo existo”. O melhor vinho não é necessariamente o mais caro, mas o que nós compartilhamos porque ele tem o poder de encher a alma de toda a verdade, de todo o saber. Como diz Fernando Sabino: “Cristo não consagrou a água, o leite ou a Coca-Cola: consagrou o pão e vinho como alimento do corpo e do espírito.”