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Somos todos mortais e o vinho é o elixir da vida

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Como diz Clarice Lispector, nunca a vida foi tão atual como hoje: por um triz é o futuro. Tempo para mim significa a desagregação da matéria. O apodrecimento do que é orgânico como se o tempo tivesse como um verme dentro de um fruto e fosse roubando a este fruto toda a sua polpa. O tempo não existe. O que chamamos de tempo é o movimento de evolução das coisas, mas o tempo em si não existe. Ou existe imutável e nele nós transladamos. O tempo passa depressa demais e a vida é tão curta. Então — para que eu não seja engolido pela voracidade das horas e pelas novidades que fazem o tempo passar depressa — eu cultivo um certo tédio. Degusto assim cada detestável minuto. E cultiva também o vazio silêncio da eternidade da espécie. Quero viver muitos minutos num só minuto. Quero me multiplicar para poder abranger até áreas desérticas que dão a idéia de imobilidade eterna. Na eternidade não existe o tempo. Noite e dia são contrários porque o tempo não se divide. De agora em diante o tempo vai ser sempre atual. Hoje é hoje. Espanto-me ao mesmo tempo desconfiado por tanto me ser dado. E amanhã eu vou ter de novo um hoje. Há algo de dor e pungência em viver o hoje. O paroxismo da mais fina e extrema nota de violino insistente. Mas há o hábito e o hábito anestesia. 

 

Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer… e morrem sem saber como é viver. Isso é triste!

 

Antes de mais nada, quero me solidarizar com os familiares de todas as vítimas da tragédia aérea ocorrida na sexta-feira, em 05 de novembro. Quero também confessar que a morte da cantora Marília Mendonça, 26 anos, me afetou de várias maneiras.

 

Primeiro porque a morte de um bebê, uma criança, uma moça tão jovem e mãe de um filho pequeno é uma tragédia das mais tristes em uma sociedade porque começamos a duvidar daquilo que nos dá a ilusão de infinitude e nos faz humanos: pensar no futuro. Sobre isso, a própria Marília Mendonça canta: “tô ensaiando a despedida, mesmo tendo outros planos”.

 

Pessoas que se dizem de esquerda, republicanas, democráticas, defensoras do legado do Paulo Freire e das liberdades civis ridicularizando as músicas de uma cantora que ainda não tinha sido nem enterrada. É bom esclarecer que ninguém é obrigado a gostar das músicas da cantora e desse gênero musical. No entanto, espera-se de quem se pensa tão distinto dos demais alguma compostura e humanidade diante de uma tragédia como a que vimos na última sexta-feira. Isso nos permite entrever clivagem de classes, de cultura e distinção que poderiam ser reeducadas nesses momentos com a simples etiqueta de ‘ficar calado’ e aprender”. Nunca imaginei ficar tão arrasada com a morte de uma artista  que eu sequer escutava no dia a dia. Existe todo um universo além do nosso crivo, relevante, potente e com um poder de transformação muito além do que permitimos admitir. Fiquei abalada com a partida de Marília Mendonça e ao mesmo tempo uma pequena parcela da população reacendeu o debate sobre a gordofobia e o machismo na sociedade. A sertaneja teve o seu talento reduzido  à aparência e ao corpo mais magro. Além disso, a falta de sensibilidade continuou quando também sofreu preconceito de gênero em jornais e programas de televisão. Afinal, a aparência é mais importante do que o legado? Por mais que façamos algo de relevância, somos criticados? Que sociedade é essa? Estão surgindo robôs sem empatia.  

 

O ciclo da vida é muito claro e de forma geral todos nós passamos por ele. Nascemos, vivemos, morremos. O momento que você tem é hoje! Todos os dias algo muito bom é oferecido a nós, porém com a correria do dia a dia ficamos desatentos e nem percebemos, ou pior só damos atenção para as coisas ruins que aconteceram. E a melhor forma de administrar isso é compreendendo a necessidade do momento, a necessidade do hoje. O que HOJE eu preciso fazer? O que HOJE eu tenho que viver? “Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.” – Dalai Lama

 

Uma das trágicas coisas que eu percebo na natureza humana é que todos nós tendemos a adiar o viver. Estamos todos sonhando com um mágico jardim de rosas no horizonte, ao invés de desfrutar das rosas que estão florescendo do lado de fora de nossas janelas hoje. Morrer é nada, passado, mas a vida inclui viver a morte multiplicada – sem o alívio de morrer. Ninguém aprende a viver pela experiência alheia; a vida seria ainda mais triste se, ao começarmos a viver, já soubéssemos que viveríamos apenas para renovar a dor dos que viveram antes. A sociedade é como o ar: necessário para respirar, mas insuficiente para se viver. O mundo precisa de mais amor, empatia e um olhar para a alma. Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido.

Como diz Chico Xavier: O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos, namorar mais ou menos, ter fé mais ou menos, e acreditar mais ou menos. Senão a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos. Portanto, meus amigos leitores, saibamos desfrutar os prazeres do viver que é um bate papo com amigos e toda a revitalização que um bom vinho pode nos proporcionar, funcionando como um legítimo tônico ou elixir do bem viver hoje. Se você chegou até o final deste artigo, abra o seu melhor vinho, pegue uma taça, sirva-o, ligue sua pick-up, dance pela sala e comemore estar vivo.

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José Bomfim, Gyovana Carneiro, Ana Luiza Pinheiro, Wanira Godoi, Mena Marangoni

Luiz Fernando Jungmam, Gyovana Carneiro e José Bomfim.

Carmem Jungmam, Luis Carlos Moraes, Gyovana Carneiro e Luciana Tavares

Ana Luiza Pinheiro, José Bomfim, e Elpidio Fiorda Neto

Gyovana Carneiro e Mena Marangoni

Carmem Jungman e Luiz Fernando Jungmam

Gyovana Carneiro, Luiz Fernando Jungman, Carmem Jungmam , José Bomfim e Luciana Tavares

Claudio Valente, Mena Marangoni e Elpidio Fiorda Neto

José Bomfim, Jota Mape e Magno Pinheiro

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