A paixão pelo vinho leva muitos enófilos a sonharem em ter um negócio próprio no setor. O crescimento do mercado nos últimos anos tem encorajado os winelovers a empreender no mundo do vinho, criando sua própria vinícola. Além do constatado crescimento do consumo, grandes players mundiais estão apostando no Brasil. No Centro Oeste, o nosso terroir está produzindo grandes vinhos. Neste último final de semana, estive em Ceres a convite da família Cano. Fui extremamente bem recebida pelos empreendedores Marco Cano e Luciana que são sócios do engenheiro Milton e sua esposa Caroline Podestá da vinícola Monte Castelo localizado no Município de Jaraguá. Diz a máxima que vinho é arte coletiva. Hoje, no Centro Oeste, podem ser explorados através do seu diferencial: sua história, origem e características e identidade da lembrança olfativa da região. Mas o que há de tão interessante nesse universo enogastronômico? Simples, ele é infinito. Infinito em sabores, aromas, cores, texturas, harmonizações, cultura, e história! Posso lhes garantir que sempre fui péssima aluna de História e Geografia durante o Ensino médio (que na minha época era chamado colegial fui aluna do colégio Santa Clara..rsrsrs), no entanto, após ser apresentada aos vinhos, passei a linkar história e geografia às sensações x terroir. Quando cheguei em Ceres, fui recepcionada pela escritora Suzana, irmã do Marco Cano. Uma mulher culta, viajada, apaixonada por vinhos, literatura e sócia do hotel. Fiquei feliz e honrada com o convite para conhecer o trabalho da Vinícola Monte Castello. Já conhecia os outros sócios, Milton e Caroline Podestá e seus pais Ricardo e Sheila Podestá proprietários da Vinícola São Patrício. Aliás, eles estão finalizando um lindo projeto para o receptivo de enoturismo. Marco Cano foi um amigo querido que tinha perdido o contato e nos reencontramos em Ceres em seu hotel. Sua esposa Luciana, me deu uma aula sobre o terroir do Cerrado e com simplicidade e elegância me alimentou de informações sobre o projeto dos vinhos Monte Castello. Gratidão pelo cuidado que a família Cano teve comigo. Fiquei algumas vezes emocionada, pois sentimento de afeto é raro hoje em dia e o vinho tem esta proeza de unir as pessoas. Sim, apreciar um bom vinho é definitivamente viciante, cada garrafa uma expectativa, um friozinho na barriga por não saber o que vem pela frente. Adorei conhecer de perto o trabalho da Monte Castelo. Luciana Cano, uma advogada com sede no saber, decidiu abrir mão da profissão para começar a entender o mundo do vinho, e percebeu que sua paixão pela bebida, é um caminho sem volta. No entanto, quando falamos de vinho com tanta paixão, algumas pessoas já nos olham de lado, sabe aquela cara de: “shiiiii, lá vem o enochato que vai ficar dando palpite na minha bebida”! Pois é, infelizmente alguns admiradores de vinho têm essa mania. Sem dúvidas a harmonização de vinho x comida faz uma grande diferença quando bem feita, pois tanto a comida tem a capacidade de enriquecer as notas do vinho, como o oposto também é válido.No entanto, ao fazer o enoturismo, achei que o calor extremo interferiu na bebida de baco. Tentar harmonizar alguns elementos da natureza, você pode sim ter um resultado muito desarmônico, e desagradável ao paladar, podendo estragar sua taça.Mas amei o momento! Sim, Ceres tem vinhos de excelência graças aos loucos(do bem) empreendedores que uniram amor e paixão pela bebida. Mas sou romântica e acho que o bonito do enoturismo é conhecer a vindima(época que a colheita se dá), curtir a natureza verde, temperatura amena, Não adianta termos diante de nós o vinho mais top, se o calor transforma nosso corpo em sauna, e o que nossa boca pede é água e não vinho. A arte de celebrar a vida à mesa é cada vez mais apreciada, sobretudo agora, em que o mundo parece pedir-nos para que apreciemos os pequenos (grandes?) prazeres da vida. Eu ainda romantizo o vinho e quero ver os cachos começarem a ganhar cor e corpo, garantindo aquele visual que está no imaginário de todos quando pensamos em uma vinícola. É quando você poderá ver os cachos cheios, esperando o momento de serem colhidos, e poderá comparar a aparência das folhas e frutos das diferentes variedades de uvas. É mágico! Convido meus leitores, apreciadores de vinhos, a conhecerem os vinhos da Monte Castelo e São Patrício, o manejo do vinhedo de dupla poda faz com que o ciclo da videira se altere, trazendo a maturação para o inverno. O vinho tinto é nobre , fresco, com taninos redondos e maduros, notas de frutas vermelhas bem maduras, leve tostado, café e especiarias com uma mineralidade própria da região. O vinho branco Sauvignon Blanc é um vinho jovem e fresco. Apresenta corpo médio, acidez muito refrescante. Me surpreendeu o Rosé 100% Shiraz, cor salmão clara, límpido e brilhante apresenta uma acidez equilibrada com notas frutadas. Um vinho elegante. Marco Cano e Luciana, vocês estão no caminho certo, no banquete da vida, a amizade é o pão, e o amor é o vinho. Vinhos Monte Castello tem um ingrediente importante, é elaborado com paixão, por isso ganhou a medalha de bronze pelo Decanter World Wine Awards.