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O Mundo tem sentido?

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A primeira vez que ouvi falar no fim do mundo, o mundo para mim não tinha nenhum sentido, ainda; de modo que não me interessava nem o seu começo nem o seu fim. Lembro-me, porém, de estar em um evento e ouvir um grupo de pessoas conversarem sobre alguns assuntos – ⁠⁠a desinformação não se trata da falta de informação apenas mas também da absorção de informações equivocadas. Elas estavam em suas bolhas, porque ou não liam, ou se iludiam a algo que andava pelo universo, responsável pelo acontecimento que eles tanto temiam. Nada daquela conversa se entendia comigo: o mundo era deles, era para eles: o “eu”.

Mas, uma noite, levantei-me da cama, enrolada num lençol, fui à janela para me apresentar à força do universo. Aquela conversa que até então não me interessava nada, que nem vencia a preguiça dos meus olhos pareceu-me, de repente, maravilhoso. Era uma coruja branca, pousada no coqueiro. Era um presságio, que voava pela noite, sozinha, ao meu encontro? Ouvir os presságios daquelas pessoas  – sempre tem um cometa no céu, como há lua, sol, estrelas. Por que as pessoas andam tão estranhas? A mim não me causa medo nenhum. Passou-se muito tempo. Aprendi muitas coisas, entre as quais o suposto sentido do mundo. Não duvido de que o mundo tenha sentido. 

O mundo vai acabar, e certamente saberemos qual era o seu verdadeiro sentido. Por que fomos tão sinceros ou tão hipócritas, tão falsos e tão leais. Por que pensamos tanto em nós mesmos ou só nos outros.  Talvez uma das melhores sensações da vida, não somos impulsionados pela realidade, mas sim por nossa percepção da realidade

Ter a minha própria opinião, meus próprios gostos, não indo na maré da “grande maioria”  ou dos babões de plantão, é reconfortante. Não vou apenas por que você quer que eu vá. Não falo apenas o que você quer ouvir. E assim, vamos construindo o mundo, entendendo e respeitando as pessoas como únicas, cada qual com as suas verdades. 

Edna Gomes

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Viver…

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Não quero ser melhor que os outros, apenas quero ser sempre melhor do que eu mesmo. Assim estarei me superando. Você tem o direito de falar o que pensa, Mas não tem o direito de julgar quem não conhece Liberdade de expressão é um direito de todos, mas não lhe dá o direito de inventar histórias sobre o outro. Eu posso ser bem melhor do que sou, preciso ser. Posso dar bem mais, ser bem mais.  É sempre nossa exigência. Esquecemos que somos humanos com erros e acertos. ERRAMOS!!!

O amor verdadeiro deveria ter perdão para todas as vidas, menos para as vidas sem amor e sem educação. Gratidão deve vir antes de tudo e o agradecimento acompanhado do abraço apertado de acolhimento. Temos sim, o direito de sentir as tristezas, lamúrias, mas não nos dá o direito de carregar as sombras. Precisamos da luz, vitamina D e humor. Isso nos trás a paz nos céus azuis, e somos nós que devemos sentir o palco da vida com holofote.

Faço o meu caminho, pisando no chão que me é exposto. E não me venham com histórias penosas, telefone sem fio da vida do outro, de fracassos, e energia ruim, detesto-as. Tenho tentado seguir em frente e procurar outras paisagens. As vezes, me exausto da vida. Me dou este direto de vez em quando. Mas não posso me dar o luxo de parar o ponteiro do relógio. 

Se quiser me acompanhar, tem assento vago, só lembrando que a viagem não sai de nenhuma estação, e nenhuma zona de guerra, nem da zona de conforto porque não é interessante passar a vida desconfortável. Com sonhos que morrem. Viaje comigo sem controle remoto, seja suave no caminho e o foda-se engatilhado.

Jornalista Edna Gomes

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Pianista Virgínia Hogan 

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O maestro gesticula Mozart enquanto a pianista, com toda sua delicadeza, se debruça sobre o piano para arrancar suas notas. Em um jantar no Rio de Janeiro, conheci a musicista Virginia Hogan. Uma mulher delicada, bonita, cheia de charme com um sorriso único, dedilhava seu carisma para sua platéia. Todos conectados, o universo estava naquele palco ao som de seu piano, eu fechei meus olhos e pude ouvir a poesia do mundo. E foi ali que eu nasci de novo. Um piano, a pianista é tudo tão mágico. Assim como ela, eu também escorregava as mãos sobre a vida. Tentava com persistência e coragem encontrar o ponto de começo ou, ao menos, a ponta do fio que desenrolava todo o resto. A mim me encantava que a primeira nota do soneto fosse a primeira consoante do que a força que seu dom musical me causava, eu queria escutar cada estrofe, o ritmo de suas mãos do teclado do piano. Ela toca mil sinfonias de poemas que não fizeram do tempo um inimigo que  apagasse dos seus sonhos. E era assim, na agilidade como pianista, que ela bombardeia o coração de todos. A platéia escutava no silêncio do céu. Usava a poesia de seu piano como um caminho para as estrelas, até o afeto da sensibilidade cheio de sinfonia. Contava os versos, os equívocos, a camada fina de tecido que separa o toque dos nossos corações. Cada nota tocada de Virgínia Hogan, eu não consigo pensar em mais nada, somente nos toques suaves de uma excelente pianista. Luzes se acendem, e todo o cenário aparece, e a Virgínia aparece, tocando a melodia de amor e de suas tragédias que permite a movimentação dos seus dedos nos acordes eruditos de seu piano e sua expressão da vida. E o que pode uma mulher quando um deus em seu fascínio a invade, pela alma, com “Beethoven” em seu piano? Virginia nos leva a reflexão.

No show, a pianista estará acompanhada por Boaz Sharon, os maestros Lee Mills e Anderson Alves e receberá a soprano Maria Gerk. Dia 22 no Teatro Municipal do Rio de Janeiro às 19:hs

Jornalista Edna Gomes

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Crônica: Passeio Solidário

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Hoje, dia das crianças, peguei Nina e Max e resolvi dar uma volta pelo Bueno logo pela manhã. Eram mais ou menos umas seis horas, o sol já estava começando a clarear o céu. 

Estava voltando do parque Vaca Brava quando vi um casal juntando papelão nos fundos de um supermercado. Ele, com aproximadamente uns 32 anos, magro, com uma barba rala a se fazer, rosto de gente machucado pelas dificuldades da vida, sabe? A sua companheira já era bem alta, robusta, com cabelo de rabo de cavalo bem feito e com corpo brilhante de suor. Mas o rosto de gente bacana.

Eu reparei que do outro lado da rua, duas crianças juntavam, no cantinho do calçamento, umas tampinhas plásticas, fazendo montinhos, cada qual mais alto que outro. 

Uma menina e um menino. Nem olhavam para os pais, conversavam entre eles como que estivessem jogando algum jogo apaixonante, inventado por eles, o que ainda era mais especial. 

Eu passei na rua entre os donos dos papelões e as crianças, concentradas nas suas torres. Olhei com mais atenção para eles. Talvez a calma no jeito que eles pegavam, separavam, dobravam os papelões e colocavam para dentro de uma carroceria mal feita de duas rodas, ou o envolvimento daquelas crianças no seu “lego” inventado. 

Continuei a caminhada, mas resolvi (sem nem perceber que já estava fazendo a volta) voltar pelo mesmo caminho. Queria ver aquela família novamente. 

Lá estavam eles. O pai ainda dobrando umas caixas maiores, restantes, mas a mãe mais afastada, organizando a carroça, que provavelmente levaria aquele saco gigante preenchido com papel e coragem, além da família. 

– Bom dia! – falei, chegando perto das crianças.

– Ai, que fofinhos! Eles mordem? – perguntou a menina, já alisando os pelos da Nina e do Max. 

– Não, pode alisar, eles são mansinhos. De que vocês estão brincando? 

– É um jogo, para ver quem tem mais tampinha. Qual o nome dos cachorros? – perguntou dessa vez o menino, que tinha os olhos lindos cor de mel. 

– Max, ele é macho – e Nina fêmea, respondi. – Vocês são irmãos? 

– Sim, e aqueles ali são nossos pais. Mainha, venha ver que lindos Max e Nina! – gritou a menina. 

A mãe veio, com um olhar doce, mas com uma certa desconfiança para saber quem era aquela mulher que estava ali, com dois cachorros, conversando com seus filhos. Conversamos um pouco Descobri que se chamava Ana. Neto era o marido e os filhos Raíssa, de 10 anos, e João, de 9. Expliquei que morava ali perto e que tinha uns livros infantis e umas caixas de papelão e no meu prédio também tinha caixas de papelão, pois estava em reforma, se ela gostaria de receber. Não consegui nem terminar direito de falar, quando Raíssa pega na cintura da mãe (com um respeito lindo de se ver) chamando a sua atenção e diz que sim, que eles queriam. Ana olhou para a menina, que agora tinha os olhos bem mais vivos de entusiasmo, e disse sim para mim.

– Neto, vou ali com essa mulher pegar uns livros infantis para os meninos. É descendo aquela rua – falou Ana, apontando para a direção do meu prédio. 

Fomos, então, eu, Noah, Ana, Raíssa e João, conversando pelo caminho. Estavam os dois, ela e Neto, desempregados há dois anos. Ela faxineira, ele servente de pedreiro. Catavam papelão e vendiam para uma cooperativa. E eram gratos por esse trabalho. Conseguia pagar a feira, a luz e a água com o que recebiam, e já era ótimo, porque “tem gente passando tanta necessidade que nem isso consegue pagar, não é, mulher?!”, comentava ela comigo no percurso. 

Chegamos em casa, pedi a Aninha minha funcionária, para pegar as sacolas de livros que já estavam separadas. 

Fiz questão que ela entregasse a Raíssa e ao João. Aninha ainda trouxe uma bola esquecida em um canto do apartamento e uns pacotes de biscoitos da dispensa. 

– patroa, nem falei com você, mas eu trouxe esses biscoitos, tá? – Aninha tinha entendido a missão daquele encontro. 

Nos despedimos lá na calçada, as sacolas pesadas e as crianças empolgadas. Nessa hora, Nina e Max já sentavam aos pés de Ana, que falava comigo e os alisava. 

– O mais importante mesmo é a gente agradecer. Quando a gente agradece o trabalho que tem, a família, fica tudo melhor. Obrigada moça, e que Deus lhe dê em dobro! 

Eu respondi – Ana, Ele sempre me dá.

Edna Gomes

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