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Vinhos

A vida é como o vinho: se a quisermos apreciar bem, preservemos a liberdade

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Eu inicio o meu artigo com um trecho da música do Milton Nascimento: “Eles não falam do mar e dos peixes/ Nem deixam ver a moça, pura canção/ Nem ver nascer a flor, nem ver nascer o sol/ E eu apenas sou um a mais, um a mais/ A falar dessa dor, a nossa dor. Lembrei desta música “Milagre dos peixes” de Milton Nascimento. Eu estive em Brasília. Os atos de 7 de setembro pediam por liberdade, ao mesmo tempo em que pediam pela intervenção militar aos moldes da ditadura. A incoerência ficou evidenciada, já que o período foi marcado pela censura e as privações de direitos. “Pela liberdade de não ter liberdade”. Bolsonaro  intensificou seus ataques às instituições democráticas do Brasil. Que triste! O povo brasileiro tem lutado durante décadas para garantir a democracia contra o domínio militar. Que tempos sombrios estamos vivendo, ver a multidão em Brasília  de verde amarelo que exalta a morte, a divisão, a intolerância, o negacionismo e o recesso institucional. Independência é avanço, não retrocesso. Independência é democracia,e não podemos deixar as portas abrirem-se para o retrocesso que aí vem. Um brinde a um regresso de cores da nossa bandeira de esperança de viver em um Brasil livre. Que triste ver o verde e o amarelo que não combinam com a democracia. 

 

Antes da lenda romana, Dionísio era o Deus grego do vinho e um dos mais obscuros deuses da mitologia grega.Me lembrei de um artigo da agência francesa Coravin que examinou os hábitos de consumo de vinho de 2 mil enófilos dos Estados Unidos, a fim de entender melhor suas características.

Enquanto um homem nega a ciência, diz que a terra é plana, não consegue perceber que os vinhedos da vida tem seus caminhos de luz  à sua disposição, ele não consegue resistir muito tempo sem a nobreza e leveza de viver. A vida é como o vinho: se a quisermos apreciar bem, não devemos ultrapassar duas taças da bebida. O que estamos vivenciando no Brasil, é como abrir uma garrafa de vinho, e um pouco como abrir um livro. Nunca teremos a certeza do que iremos encontrar amanhã. E para denominar o “Mito”, eu achei um adjetivo mas não consegui achar uma uva que combinasse com a sua personalidade..

“Impossível” 

Se tem uma característica forte nos aventureiros é a habilidade da loucura. Esse perfil consegue olhar as situações criteriosamente e desvendá-las, sem se preocupar com a causa e o efeito das coisas.

Por isso, a dificuldade de achar uma casta para o  “Mito”. Mas ele já tem um vinho. Proprietário de uma vinícola, fez um vinho para o Presidente. O nome da bebida lembra como os apoiadores do “mito” gritam quando estão próximos: Bolsonaro “il Mito”. O Carmenere do Mito tem uma cor intensa,com muita acidez, álcool no nariz, expressão pífia na boca, com muita intensidade e sem equilíbrio.

A bebida, de acordo com a empresa, é um produto histórico para marcar este momento especial da história do Brasil. As uvas são: Cabernet Sauvignon ou Carmenere, e para os amantes da pátria, um troféu para demonstrar todo o orgulho de fazer parte deste momento antidemocrático. 

Há dois modelos de vinho tinto oferecidos pelo “Vinho Bolsonaro”. O primeiro é feito com a uva cabernet sauvignon, que é o “poderoso”, de acordo com a empresa. O segundo é produzido com a uva carmenere, descrito como “elegante”. Mas, afinal, o que é um vinho “elegante”? Pelo dicionário, elegância pode ser definida como: “um substantivo feminino que significa graça, distinção nas formas, nas maneiras, arte de escolher as palavras: falar, escrever com elegância; elegância de estilo.” Será que combina com “il mito”? Uma das definições que mais se aproxima da ideal, no meu ponto de vista, e de uma jornalista e sommelier: “Um vinho elegante tem, obrigatoriamente, de ter frescor, boa acidez, equilíbrio, leveza, educação com seu paladar e na alma. Atitude sem exagero para não esconder as outras características do vinho. Sua taça? Nunca dividida com a insensatez. Não podemos estar perdidos em um vinhedo, temos que estar sempre no lugar certo.

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O que é um vinho frutado?

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Vinhos frutados são vinhos elaborados com uvas que possuem menos carga de taninos. Se forem de regiões mais frias, além da fruta terão percentual alcoólico menor e acidez mais viva, em razão da menor insolação e dias mais frios. Desta maneira a uva amadurece sem ganho expressivo de açúcar. Exemplo típico são as uvas Barbera e Dolcetto.  

Se forem uvas de regiões mais quentes e com baixa carga de taninos, teremos mais álcool, porém, ainda mantendo o frutado no nariz e boca. Exemplos: Garnacha e a Mouvèdre. Vale ressaltar, novamente, que a maior influência que um vinho tem é da própria uva com a qual foi elaborado. Não podemos pensar em comprar um frutado tinto pensando na Tannat uma das mais tânicas uvas que se conhece.

Frutas frescas, geleia, compota. Vinhos são ricos em sabores frutados e com frequência é fácil reconhecê-los. De fato, alguns rótulos têm aromas discretos e que apenas os olfatos mais treinados são capazes de identificar, mas, na maioria das vezes, os perfumes de frutas quase “saltam” da taça.

É, neste caso, que falamos em vinhos frutados. Os aromas são muitos, mas nos tintos é comum encontrar notas de amora, cassis, cereja, morango e ameixa, entre outros, claro; já nos brancos, se destacam pêssego, maçã, pera, limão, melão, maracujá e abacaxi, só para citar os mais habituais.

Os aromas frutados são chamados também de primários, pois derivam da fruta. Cada uva tem características aromáticas que a diferencia das outras. Quando o vinho passa por amadurecimento em barris de madeira ganha os chamados aromas secundários, como baunilha, tostado, café ou especiarias, entre outros.

Os aromas frutados costumam estar mais presentes em vinhos jovens e prontos para beber e produzidos em regiões quentes, onde as uvas amadurecem bem, potencializando os perfumes. Isso ocorre em boa parte da Argentina, Chile, sul da Itália, Espanha e Portugal, por exemplo, onde é comum encontrar vinhos com aromas de frutas bem expressivos.

Sem dúvida, o fator mais decisivo é a uva. Algumas castas são mais aromáticas que outras, por natureza. Chardonnay e Pinot Grigio, por exemplo, são cepas brancas que dão vinhos de aromas sutis, ao contrário de Alvarinho, Gewürztraminer, Riesling, Sauvignon Blanc, Torrontés, Viognier e Moscato, que originam bebidas bem perfumadas. Se você gosta de vinhos mais frutados, aposte em Malbec, Touriga Nacional, Syrah, Barbera, Grenache, entre outras. Técnicas de elaboração também contribuem bastante para o estilo frutado. A maceração carbônica é um belo exemplo. É esta técnica que mantém a leveza e jovialidade de muitos vinhos frutados, em especial em Beaujolais.

OS AROMAS: Os vinhos deste estilo têm aromas que vão do morango, algo de cereja, naqueles de regiões mais frias, até os aromas de frutos vermelhos como mirtilo e amora.

PALADAR: Como dito, o paladar dos frutados muda em relação à acidez e os taninos. Quanto menos ácido mais tânico será o vinho, mantendo sempre a predominância da fruta.

HARMONIZAÇÃO: São vinhos com baixa carga de taninos, assim podem ser gelados e servidos nos dias mais quentes de verão, ideais para quem não abre mão de um tinto. Vão muito bem com pasta de molhos leves, pizzas ficam soberbos, peixes mais gordurosos como Truta, Salmão, Garoupa e Bacalhau. Queijos de como Gruyère e Gouda, mesmo que um pouco mais salgados não conflitam com os taninos, não os amargam, eis que este em pouca quantidade neste estilo de vinho. Um  Blues é o que me lembra estes tintos frutados. Leve e solto com qualidade. Com B.B King

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Confraria

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*Confraria Bella Rouge e Chandon realizam confraternização exclusiva

A Confraria Bella Rouge, um clube de mulheres que promove eventos de alto padrão, em parceria com a Chandon, a marca líder de espumantes no Brasil, vai realizar uma confraternização exclusiva neste sábado, dia 16 de dezembro, em Goiânia.

A empresária Luciara Lopes, fundadora da Confraria Bella Rouge, está a frente de todos os detalhes da confraternização que vai ter show com o cantor Marcinho Malemolência e com a DJ Roberta Leão, que vão agitar a pista de dança. O buffet leva a assinatura da chef Bia Pimentel.

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Vinhos

Harmonizações perfeitas, sororidade e vinho

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Muito se diz sobre o vinho ideal para a mulher, ou vinho com perfil feminino. Besteira! A verdade é que vinho “de mulher” é o vinho que gostamos – seja seco ou doce, branco ou tinto, leve ou encorpado. Vinho e mulher harmonizam perfeitamente, e a tendência é que os dois se aproximem ainda mais. Trata-se de uma relação sem regras, ou seja, as escolhas devem ser baseadas a partir das preferências de cada uma, sem qualquer tipo de limitação. Sabe o que eu vejo hoje em dia, as mulheres resistindo e lutando e, a partir destas resistências cotidianas, elas se conectam e constroem experiências concretas de transformação feminista.

Esses julgamentos por categorias têm de ser substituídos por relações completamente humanas que transcendam as diferenças como categorias de análise. Necessitamos de novas categorias de conexão, novas visões de como podem ser nossas relações com os outros. Primeiramente, é importante lembrar que o gosto por vinhos não é determinado pelo gênero, e sim pelo paladar individual de cada pessoa. Mulheres que procuram um equilíbrio entre o tinto e o branco( a briga com o divã) adoram o vinho que traz refrescância e muita leveza. As mulheres que conseguem enxergar que mudanças começam dentro de si e as relações que temos com aquelas que estão à nossa volta devem sempre ser o primeiro e privilegiado lugar para a mudança social. A maioria gosta do tinto Merlot. O sabor é mais intenso e remete a frutas negras, como ameixa, chocolate, baunilha e café. É ideal para aquela mulher que gostaria de explorar mais sabores. Entretanto, temos que ser cuidadosos para não confundirmos essa questão da primazia de um tipo de opressão na vida das pessoas com uma postura teórica que propõe a natureza imbricada das opressões. Não oprima as amigas pelo seu gosto e seu olhar para a vida. Mulheres sensíveis, ajuda a outra. Vinho e mulher harmonizam perfeitamente,desde que o paladar não seja maldoso, porque a tendência é que os dois briguem entre si e destruam a língua(vida) da outra. Trata-se de uma relação com regras, cuidado e respeito, ou seja, as escolhas devem ser baseadas a partir das preferências de cada uma, sem qualquer tipo de limitação mas de amor.

Ao ampliar a análise para além dos limites da nossa feminilidade, podemos ver os variados níveis de rejeição e sedução disponíveis para cada uma de nós de acordo com nossa identidade de fragilidade .Os vinhos brancos são uma excelente opção para quem gosta de vinhos mais leves e aromáticos. Eles podem ser secos ou doces e carregam um toque sutil do feminino. Cada uma de nós vive com uma porção designada de privilégios ou punições e com níveis variados de rejeição e sedução inerentes às imagens simbólicas a nós atribuídas. Esse é o contexto dentro do qual fazemos nossas escolhas. Muitas mulheres que acreditam no amor, existem o casamento de  uvas de duas variedades(blend) inseparáveis que foram colhidas no mesmo dia e fermentadas juntas, permanecendo unidas para sempre. Amor que não se separa. Somadas, a dimensão institucional e a simbólica da opressão criam um pano de fundo estrutural contra o qual todos/as nós vivemos nossas vidas. Portanto, incentivar a propagação de uma cultura feminista pressupõe a transformação. Os espumantes são sempre uma ótima escolha para celebrar uma ocasião especial ou para brindar nossas lutas. Eles podem ser brut, demi-sec, rosé ou moscatel é sempre a taça comemorativa dos avanços de nossa sensibilidade em lidar com o mundo. Por isso, não caminho sem a sororidade e sem um bom vinho, porque de maneira geral, diz respeito à união das mulheres, ficamos mais fortes quando nos unimos. Ou seja, essa aliança com o vinho, nos  permite compartilharmos momentos aprazíveis para que busquemos os direitos femininos e lutemos contra a opressão e todas as formas de violência contra a mulher

Se você vai julgar outra mulher porque em seu íntimo você não se sente boa o suficiente para o mundo, olhe para dentro do seu mundo; assim você será capaz de encontrar os espaços que precisam de faxina, então poderá iniciar o desafio de se tornar uma pessoa mais agradável para si mesma, e tudo dentro de você começa a fazer sentido, aproveite a inveja que está sentindo para avançar no seu ser; Quando questionar suas aptidões, se lembre de nunca se comparar, cada uma de nós trilhamos caminhos diferentes, e é por isso que cada uma se desenvolve segundo a sua necessidade no mundo. Se auto preserve, preserve sua intimidade, eu sei que tem dias que é preciso dividir, mas este partilhar é íntimo com quem realmente merece te escutar, então cuide bem do seu sentir. Não podemos compartilhar uma garrafa de vinho, se estamos todas aqui como adversárias, inimigas, cada uma de nós vive suas lutas, suas batalhas, suas derrotas e vitórias, do cair e se erguer; E cada vez que você olhar para uma mulher, olhe com olhos de enxergar, lembre-se que ali habita outro ser muito parecido com você. E assim me comemoro mulher! Degustando-me no vinho de mim mesma.

Jornalista, sommeliere e gastrônoma Edna Gomes

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