Resumo de quinta-feira, 06 de abril de 2022
Edição de Chico Bruno
Manchetes
Valor Econômico – Ferreira Coelho é indicado para presidir a Petrobras
O GLOBO – Bolsonaro opta por solução técnica para a Petrobras
CORREIO BRAZILIENSE – Centro faz acordo para ter um só candidato a presidente
FOLHA DE S.PAULO – Governo dá R$ 26 mi em kit de robótica a escolas sem água
O ESTADO DE S.PAULO – Fim de taxa extra deve baratear conta de energia elétrica em 6%
Destaques de primeiras páginas, fatos e bastidores mais importantes do dia
Fim do imbroglio – José Mauro Ferreira Coelho foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir a presidência da Petrobras, informou nesta quarta-feira o Ministério de Minas e Energia. Ele foi secretário de Petróleo do próprio ministério e é uma pessoa de confiança do ministro Bento Albuquerque. O governo também definiu a indicação de Marcio Andrade Weber, que já é conselheiro da estatal, para assumir a presidência do Conselho de Administração. José Mauro é presidente do Conselho de Administração da PPSA, estatal que cuida da comercialização de óleo e gás que o governo tem direito em contratos do pré-sal. Foi ex-secretário de Petróleo e Gás do MME. José Mauro foi diretor da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), onde é funcionário concursado. Ele é bacharel em Química Industrial, mestre em Engenharia dos Materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e doutor em Planejamento Energético pelo Programa de Planejamento Energético (PPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em sua carreira, José Mauro acumula mais de 25 anos de experiência profissional, atuando nos setores de petróleo, gás natural e biocombustíveis. Indicado para a presidência do Conselho de Administração, Márcio Weber já faz parte do board. Weber diretor da empresa Petroserv, trabalhou por 16 anos na Petrobras. Teve passagem por outras empresas e prestou assessoria ao grupo PMI na operação de plataformas. Engenheiro civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tem passagens com especialização em engenharia de petróleo pela Petrobras.
Terceira via tenta marcar território – A terceira via, que está sendo construída por quatro partidos de centro — União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania —, deu mais um passo na direção de uma candidatura única ao Palácio do Planalto. O nome que tentará quebrar a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) só será conhecido, se tudo der certo nas negociações, em 18 de maio, praticamente dois meses antes do início das convenções partidárias que definirão as chapas para o pleito de outubro.Ontem foi um dia de muita movimentação no campo da terceira via, em Brasília. A reunião dos presidentes Luciano Bivar (União Brasil), Baleia Rossi (MDB), Bruno Araújo (PSDB) e Roberto Freire (Cidadania) foi cercada de suspense. O local — um restaurante sugerido por Freire — foi mantido sob sigilo pelas assessorias partidárias, e o resultado do encontro, divulgado por meio de nota oficial. Os partidos decidiram botar suas cartas na mesa, apresentando nomes que possam assumir a chapa única. Como PSDB e MDB já têm candidaturas postas, o União Brasil avisou que anunciará seu postulante a pré-candidato único no próximo dia 14.
Kit do Lira – O governo Jair Bolsonaro (PL) destinou R$ 26 milhões de recursos do MEC (Ministério da Educação) para a compra de kits de robótica para escolas de pequenas cidades de Alagoas que sofrem com uma série de deficiências de infraestrutura básica, como falta de salas de aula, de computadores, de internet e até de água encanada. Todos os municípios têm contratos com uma mesma empresa de aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), responsável por controlar em Brasília a distribuição de parte das bilionárias emendas de relator do Orçamento, fonte dos recursos dos kits de robótica. Cada kit foi adquirido pelas prefeituras por R$ 14 mil, valor muito superior ao praticado no mercado e ao de produtos de ponta de nível internacional. Além de ignorar prioridades, a liberação dos recursos federais para a compra de kits de robótica foi à jato. Em quatro casos os empenhos ocorreram em dezembro e, nos outros, entre agosto e outubro. O dinheiro foi depositado para os municípios entre fevereiro e março —e é mais um exemplo da falta de critérios técnicos e do domínio do apadrinhamento político na definição da liberação de verbas do MEC na gestão Jair Bolsonaro (PL). O empenho é a primeira etapa da execução orçamentária e reserva o recurso para determinada ação. Há cidades que aguardam há mais de dois anos a liberação de recursos já empenhados: Aporá (BA), por exemplo, espera do FNDE desde fevereiro de 2020 parcela de R$ 7,9 milhões para finalizar uma obra de creche e pré-escola. Questionados pela Folha, MEC e FNDE não responderam.
Reservatórios cheios reativam bandeira verde – O presidente Jair Bolsonaro anunciou ontem o fim da bandeira escassez hídrica, em vigor desde setembro do ano passado, e a volta da bandeira verde na conta de luz a partir do próximo dia 16 – uma antecipação em relação ao prazo esperado para troca da bandeira, que seria no fim do mês. Pelas contas do governo, a conta de luz teria redução de cerca de 20% com o fim da cobrança de taxa extra para bancar o funcionamento de termoétricas. Especialistas ouvidos pelo Estadão/broadcast afirmam, no entanto, que a queda deverá ser diluída com os reajustes tarifários das distribuidoras que serão estabelecidos ao longo deste ano. A PSR, maior consultoria de energia do País, estima que, em média, esses reajustes serão de 15%. Então, computados os aumentos tarifários em 2022, a redução média na conta de luz do consumidor residencial deverá ser de 6,5%.
Definições mesmo, só em julho – Os presidentes dos partidos de centro, Baleia Rossi (MDB), Bruno Araújo (PSDB), Luciano Bivar (União Brasil) e Roberto Freire (Cidadania), podem até ter marcado uma data em maio, mês das noivas e das mães, para definir o candidato a presidente da República. Beleza. Só tem um probleminha: o prazo das convenções partidárias que definirão os candidatos é julho. Como quem tem prazo não tem pressa, os mais fiéis escudeiros dos presidentes desses partidos já dizem que o momento, agora, é de gerar movimento, e isso ultrapassará 18 de maio. A definição está prevista para ocorrer entre 20 de julho a 5 de agosto. Para completar, se nenhum deles disparar nas pesquisas, vai ser difícil convencer a turma que está praticamente no mesmo patamar a desistir em favor de quem quer que seja. A turma de João Doria, por exemplo, tem dito que o ex-governador paulista tem a tradição de começar as eleições em baixa e vencer. Portanto, não irá desistir em nome de alguém que esteja no mesmo patamar que ele em termos de intenção de voto.
Lula prega pressão; deputado mostra arma – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu, durante um evento da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que seus apoiadores mapeassem o endereço dos parlamentares para “incomodar a tranquilidade deles”, pressionando-os com demandas. A declaração gerou forte repercussão entre deputados bolsonaristas e, pelo menos dois deles, chegaram a dizer que pegariam em armas de fogo contra o petista e seus apoiadores. “Fazer ato público na frente do Congresso Nacional não move uma pestana de um deputado”, disse Lula, na noite de segunda-feira. “Deputado tem casa. Eles moram em uma cidade, nessa cidade tem sindicalista (…) Se a gente mapeasse o endereço de cada deputado e fossem 50 pessoas até a casa dele, não é para xingar, mas para conversar com ele, conversar com a mulher dele, com o filho dele, incomodar a tranquilidade dele, eu acho que surte muito mais efeito.” Após a declaração, o deputado Junio Amaral (PL-MG), que é policial militar reformado, publicou um vídeo empunhando uma pistola. Ele afirma, ironicamente, que iria aguardar em casa a chegada da “turma” do petista. “Serão muito bem-vindos”, disse ele. A deputada Carla Zambelli (PL-SP) afirmou que, em sua casa, vigora a lei da “legítima defesa”. “Meu lar é inviolável, minha família é sagrada. Então, digo uma coisa para vocês: na minha casa tem pistola.”
Lula defende aborto, vira alvo de evangélicos – A defesa feita pelo ex-presidente Lula de que toda mulher deveria ter direito ao aborto no Brasil, por “uma questão de saúde pública”, gerou reação dos evangélicos e preocupação no PT com o potencial impacto eleitoral. Sem fazer menção direta ao presidente Jair Bolsonaro, Lula também afirmou que o “padrão da família” é muito retrógrado e “autorizado por um homem que não tem moral para fazê-lo”. Aliados atribuem, de forma reservada, as recentes declarações de Lula a uma mistura de excesso de confiança e deslizes causados pela fadiga em virtude da intensa rotina de viagem. Além da defesa do aborto, acenderam o sinal amarelo no PT falando sobre a ostentação da classe média brasileira e sobre a intenção de retirar oito mil soldados que ocupam cargos de confiança no Governo. A pesquisa Datafolha divulgada em 2018 mostrou que 59% dos brasileiros eram contra uma mudança na lei de aborto no país. Em um debate na última terça-feira com ex-membros do Parlamento Europeu em São Paulo, Lula disse que as que mais sofrem com a proibição do aborto são mulheres pobres, sem acesso a métodos seguros.
Lula errou nas falas sobre pressão a deputados – Integrantes históricos do PT avaliam reservadamente que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) errou em falas recentes sobre o aborto e sobre pressão nos deputados. Ouvidos pelo Painel, acreditam que é necessário ter muita cautela para deslizes não serem usados por adversários políticos, tendo em vista o alto nível de polarização dessas eleições. Lula defendeu em evento da CUT (Central Única dos Trabalhadores), na segunda-feira (4), que a militância sindical procure deputados e seus familiares na casa deles para pressionar a favor de propostas que interessam ao setor em um eventual governo petista, a partir de 2023. Um amigo do petista há décadas afirma que, no entusiasmo, Lula se expressou mal. Ele diz que a intenção, ali, era exigir dos parlamentares votos alinhados à vontade daqueles que os elegeram, e não de acordo com a liberação de emendas por parte do governo. Para esse aliado, Lula não quer estimular violência, nem exercer uma pressão indevida. A ideia seria estimular atos como as centrais fazem no aeroporto de Brasília em dias de votações importantes, quando abordam os deputados e senadores para defenderem suas ideias.
Geddel volta à cena e, ‘por acaso’, costura elo entre PT e MDB na Bahia – O ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) passou quase despercebido, no dia 30, no evento que selou a aliança de seu partido com o PT para a eleição estadual na Bahia. O “quase” foi culpa do próprio Geddel, que apareceu – por acaso, segundo ele mesmo – no saguão do diretório emedebista em Salvador no exato momento em que a aliança foi formalizada pelo senador Jaques Wagner, principal liderança do PT no estado, e pelo ex-deputado Lúcio Vieira Lima, seu irmão, representando a velha guarda que continua a dar as cartas, embora informalmente, no MDB baiano. O passo rápido do ex-ministro, marcando sua primeira aparição pública desde que foi libertado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em fevereiro, foi notado pelos presentes: Geddel está aí? “Sim”, disse Geraldo Jr. (MDB), indicado para vice na chapa do PT, quando assumiu a palavra para celebrar a aliança com o candidato do PT, Jerónimo Rodrigues. Informado de que Geddel havia se retirado após cumprimentar os pré-candidatos (“ele está escondido”, disse um presente), Geraldo passou a fazer agradecimentos, com ênfase nos irmãos Vieira Lima.