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Vinhos

A hora e a vez do vinho brasileiro

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A melhor maneira de descrever o período que estamos passando na pandemia: gritos internos. Às vezes, acordo disposta e produtiva, e, em outras, triste, pensativa, tensa, sem rumo. Nesses dias — mais frequentes, tenho de confessar — tento escrever poesias, mas não consigo. Comprei tinta para pintar meu apartamento, mas as minhas paredes continuam brancas. Aí, tento arrumar os armários e em vez de ficar fácil encontrar cada peça, eu misturo as peças, e continua uma bagunça. Vou para a Netflix e percebo que já vi as melhores séries, e passando algumas na velocidade máxima, só vendo o final. 

Meus leitores, alguns devem neste momento, estar tristes ou alegres na companhia da família, confiante que tudo vai passar. As pessoas estão sendo vacinadas, mesmo devagar, nos propiciando esperança de viver. Lembre-se, ninguém é feliz sozinho, sempre tem um amor, um amigo, ou uma taça de vinho.

“Não devemos guardar para amanhã o prato feito para o dia de hoje “. 

Há pensamentos que só se escuta dentro de uma taça de vinho, porque não há melhor túmulo para a dor com os olhos cheios de languidez. Somos todos humanos, e quanto ao destino: iguais, com o mesmo fim caótico, irrefutável. Meu pai, que era um nobre, porém indouto, dizia: “Não devemos guardar para amanhã o prato feito para o dia de hoje “.  Que a vida é efêmera e sem garantias de final feliz, todos sabem, mas o que mais agrada aos seres humanos, isto de forma generalizada, é ser juiz da vida dos outros, embora pratiquem publicamente ou secretamente aquilo que condena nos outros. Muitos que eram contra a vacina, tomam escondidos. Porque sabem que não tem alternativa. Só sei de uma coisa, neste momento, a única garantia de termos a nossa vida de volta socialmente, é acreditar na ciência, não em políticos demagogos e ignorantes, mas aqueles políticos que falam: “Se preservem, pense no coletivo, tudo vai passar, se vacine!” 

Sua casa, seu canto, sua vida. Meus leitores, nunca estivemos tão longe uns dos outros, tão separados e, por incrível que pareça, nunca tivemos tanta possibilidade de estar perto e dar tanta importância ao abraço, ao beijo, ao carinho, aos amigos, na família.

Que Impotência Meu Deus, querer e não poder, sentir e não exalar, cantar e não ritmar, amar e não poder tocar. Estamos em um novo tempo, não podemos deixar nada para amanhã, o que nos assusta, nos aflige, nos entristece. Agora é hora de revermos nossos conceitos, olhar para dentro, pedir perdão, perdoar, ter coragem de amar de verdade sem preconceitos e não ter medo de dizer “eu te amo”: É chegada a hora de sermos solidários, olhar o mundo com essência na alma, retornar mensagens que ficaram perdidas e fazer declarações sinceras, mesmo que machuque. Não podemos mais perder tempo com pessoas insensíveis. 

Confesso que nesta pandemia, estou cansada de viver tudo todo dia. Um cansaço introspectivo. Este cansaço me fez ter um olhar macro para a vida, perceber que posso fazer mais pelo outro e de ter a percepção da grandeza do amor. Infelizmente a vida perdeu a garantia, o único sentido de estarmos vivos hoje é de sermos grandes, nutrirmos nossa alma de amor e sermos grandes em nossa essência. Estou vivendo diferente, mas minhas atitudes ainda podem  ser repensadas e fazer a diferença.

Sendo assim, eu tinha preconceito sobre os vinhos brasileiros, mas nesta pandemia, eu fui atrás de pesquisar sobre os vinhos brasileiros e fiquei encantada. É sabido que amo vinho, bebo minha tacinha sagrada todos os dias e não abro mão disso. Mas, no empório, passava reto pela prateleira de rótulos nacionais porque não tinha nenhuma vontade de prová-los. Se você faz parte desse time, está na hora de conhecer melhor o que temos por aqui. Certeza que vai rever seus conceitos. Porque vou lhes dizer, temos muitos vinhos interessantes em nosso País. Que o espumante brasileiro anda fazendo sucesso mundo afora acredito que a maioria dos brasileiros já saiba. 

A Serra Gaúcha e Santa Catarina, por exemplo, além de investirem em tecnologia de ponta e bons profissionais, têm fatores climáticos perfeitos para a produção de espumantes de qualidade, como amplitude térmica elevada, que é a variação de temperatura entre o dia e a noite. Em Goiás, na região de Paraúna, temos clima e terroir para produzir bons vinhos, sim, no Cerrado, temos ótimas bebidas de baco. Regiões com essa característica são ideais para o cultivo da videira. O calor durante o dia faz com que a uva amadurece corretamente, enquanto o frio da noite permite que a videira descanse e faz com que as frutas retenham acidez e frescor.

Mas não são só os espumantes que merecem atenção. A produção de vinhos tranquilos – que é como chamamos – também já é notável e vem conquistando diversos prêmios internacionais.

Quanto aos preços, é verdade que, por culpa da alta carga tributária, muitas vezes não são menores que os importados. Se você se animou, minha dica é: não se prenda só aos rótulos que você encontra nos empórios. Tem muito vinho incrível que você ainda não conhece sendo produzido em todo o Brasil. Atualmente, encontramos vinhos produzidos não só no Sul, mas em São Paulo, no Vale de São Francisco, Minas Gerais, Paraná e até no Rio de Janeiro (!). A maioria dos produtores vendem diretamente para o consumidor final, basta entrar nos sites das vinícolas, realizar a compra e você receberá suas garrafas no conforto da sua casa.

Se abra ao novo, se permita, pesquise, prove, procure as novidades — e tire suas próprias conclusões. Posso garantir que vai valer a pena. Essa é uma causa que abraçarei a partir de agora. O motivo é simples: o vinho nacional merece.

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O que é um vinho frutado?

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Vinhos frutados são vinhos elaborados com uvas que possuem menos carga de taninos. Se forem de regiões mais frias, além da fruta terão percentual alcoólico menor e acidez mais viva, em razão da menor insolação e dias mais frios. Desta maneira a uva amadurece sem ganho expressivo de açúcar. Exemplo típico são as uvas Barbera e Dolcetto.  

Se forem uvas de regiões mais quentes e com baixa carga de taninos, teremos mais álcool, porém, ainda mantendo o frutado no nariz e boca. Exemplos: Garnacha e a Mouvèdre. Vale ressaltar, novamente, que a maior influência que um vinho tem é da própria uva com a qual foi elaborado. Não podemos pensar em comprar um frutado tinto pensando na Tannat uma das mais tânicas uvas que se conhece.

Frutas frescas, geleia, compota. Vinhos são ricos em sabores frutados e com frequência é fácil reconhecê-los. De fato, alguns rótulos têm aromas discretos e que apenas os olfatos mais treinados são capazes de identificar, mas, na maioria das vezes, os perfumes de frutas quase “saltam” da taça.

É, neste caso, que falamos em vinhos frutados. Os aromas são muitos, mas nos tintos é comum encontrar notas de amora, cassis, cereja, morango e ameixa, entre outros, claro; já nos brancos, se destacam pêssego, maçã, pera, limão, melão, maracujá e abacaxi, só para citar os mais habituais.

Os aromas frutados são chamados também de primários, pois derivam da fruta. Cada uva tem características aromáticas que a diferencia das outras. Quando o vinho passa por amadurecimento em barris de madeira ganha os chamados aromas secundários, como baunilha, tostado, café ou especiarias, entre outros.

Os aromas frutados costumam estar mais presentes em vinhos jovens e prontos para beber e produzidos em regiões quentes, onde as uvas amadurecem bem, potencializando os perfumes. Isso ocorre em boa parte da Argentina, Chile, sul da Itália, Espanha e Portugal, por exemplo, onde é comum encontrar vinhos com aromas de frutas bem expressivos.

Sem dúvida, o fator mais decisivo é a uva. Algumas castas são mais aromáticas que outras, por natureza. Chardonnay e Pinot Grigio, por exemplo, são cepas brancas que dão vinhos de aromas sutis, ao contrário de Alvarinho, Gewürztraminer, Riesling, Sauvignon Blanc, Torrontés, Viognier e Moscato, que originam bebidas bem perfumadas. Se você gosta de vinhos mais frutados, aposte em Malbec, Touriga Nacional, Syrah, Barbera, Grenache, entre outras. Técnicas de elaboração também contribuem bastante para o estilo frutado. A maceração carbônica é um belo exemplo. É esta técnica que mantém a leveza e jovialidade de muitos vinhos frutados, em especial em Beaujolais.

OS AROMAS: Os vinhos deste estilo têm aromas que vão do morango, algo de cereja, naqueles de regiões mais frias, até os aromas de frutos vermelhos como mirtilo e amora.

PALADAR: Como dito, o paladar dos frutados muda em relação à acidez e os taninos. Quanto menos ácido mais tânico será o vinho, mantendo sempre a predominância da fruta.

HARMONIZAÇÃO: São vinhos com baixa carga de taninos, assim podem ser gelados e servidos nos dias mais quentes de verão, ideais para quem não abre mão de um tinto. Vão muito bem com pasta de molhos leves, pizzas ficam soberbos, peixes mais gordurosos como Truta, Salmão, Garoupa e Bacalhau. Queijos de como Gruyère e Gouda, mesmo que um pouco mais salgados não conflitam com os taninos, não os amargam, eis que este em pouca quantidade neste estilo de vinho. Um  Blues é o que me lembra estes tintos frutados. Leve e solto com qualidade. Com B.B King

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Confraria

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*Confraria Bella Rouge e Chandon realizam confraternização exclusiva

A Confraria Bella Rouge, um clube de mulheres que promove eventos de alto padrão, em parceria com a Chandon, a marca líder de espumantes no Brasil, vai realizar uma confraternização exclusiva neste sábado, dia 16 de dezembro, em Goiânia.

A empresária Luciara Lopes, fundadora da Confraria Bella Rouge, está a frente de todos os detalhes da confraternização que vai ter show com o cantor Marcinho Malemolência e com a DJ Roberta Leão, que vão agitar a pista de dança. O buffet leva a assinatura da chef Bia Pimentel.

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Vinhos

Harmonizações perfeitas, sororidade e vinho

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Muito se diz sobre o vinho ideal para a mulher, ou vinho com perfil feminino. Besteira! A verdade é que vinho “de mulher” é o vinho que gostamos – seja seco ou doce, branco ou tinto, leve ou encorpado. Vinho e mulher harmonizam perfeitamente, e a tendência é que os dois se aproximem ainda mais. Trata-se de uma relação sem regras, ou seja, as escolhas devem ser baseadas a partir das preferências de cada uma, sem qualquer tipo de limitação. Sabe o que eu vejo hoje em dia, as mulheres resistindo e lutando e, a partir destas resistências cotidianas, elas se conectam e constroem experiências concretas de transformação feminista.

Esses julgamentos por categorias têm de ser substituídos por relações completamente humanas que transcendam as diferenças como categorias de análise. Necessitamos de novas categorias de conexão, novas visões de como podem ser nossas relações com os outros. Primeiramente, é importante lembrar que o gosto por vinhos não é determinado pelo gênero, e sim pelo paladar individual de cada pessoa. Mulheres que procuram um equilíbrio entre o tinto e o branco( a briga com o divã) adoram o vinho que traz refrescância e muita leveza. As mulheres que conseguem enxergar que mudanças começam dentro de si e as relações que temos com aquelas que estão à nossa volta devem sempre ser o primeiro e privilegiado lugar para a mudança social. A maioria gosta do tinto Merlot. O sabor é mais intenso e remete a frutas negras, como ameixa, chocolate, baunilha e café. É ideal para aquela mulher que gostaria de explorar mais sabores. Entretanto, temos que ser cuidadosos para não confundirmos essa questão da primazia de um tipo de opressão na vida das pessoas com uma postura teórica que propõe a natureza imbricada das opressões. Não oprima as amigas pelo seu gosto e seu olhar para a vida. Mulheres sensíveis, ajuda a outra. Vinho e mulher harmonizam perfeitamente,desde que o paladar não seja maldoso, porque a tendência é que os dois briguem entre si e destruam a língua(vida) da outra. Trata-se de uma relação com regras, cuidado e respeito, ou seja, as escolhas devem ser baseadas a partir das preferências de cada uma, sem qualquer tipo de limitação mas de amor.

Ao ampliar a análise para além dos limites da nossa feminilidade, podemos ver os variados níveis de rejeição e sedução disponíveis para cada uma de nós de acordo com nossa identidade de fragilidade .Os vinhos brancos são uma excelente opção para quem gosta de vinhos mais leves e aromáticos. Eles podem ser secos ou doces e carregam um toque sutil do feminino. Cada uma de nós vive com uma porção designada de privilégios ou punições e com níveis variados de rejeição e sedução inerentes às imagens simbólicas a nós atribuídas. Esse é o contexto dentro do qual fazemos nossas escolhas. Muitas mulheres que acreditam no amor, existem o casamento de  uvas de duas variedades(blend) inseparáveis que foram colhidas no mesmo dia e fermentadas juntas, permanecendo unidas para sempre. Amor que não se separa. Somadas, a dimensão institucional e a simbólica da opressão criam um pano de fundo estrutural contra o qual todos/as nós vivemos nossas vidas. Portanto, incentivar a propagação de uma cultura feminista pressupõe a transformação. Os espumantes são sempre uma ótima escolha para celebrar uma ocasião especial ou para brindar nossas lutas. Eles podem ser brut, demi-sec, rosé ou moscatel é sempre a taça comemorativa dos avanços de nossa sensibilidade em lidar com o mundo. Por isso, não caminho sem a sororidade e sem um bom vinho, porque de maneira geral, diz respeito à união das mulheres, ficamos mais fortes quando nos unimos. Ou seja, essa aliança com o vinho, nos  permite compartilharmos momentos aprazíveis para que busquemos os direitos femininos e lutemos contra a opressão e todas as formas de violência contra a mulher

Se você vai julgar outra mulher porque em seu íntimo você não se sente boa o suficiente para o mundo, olhe para dentro do seu mundo; assim você será capaz de encontrar os espaços que precisam de faxina, então poderá iniciar o desafio de se tornar uma pessoa mais agradável para si mesma, e tudo dentro de você começa a fazer sentido, aproveite a inveja que está sentindo para avançar no seu ser; Quando questionar suas aptidões, se lembre de nunca se comparar, cada uma de nós trilhamos caminhos diferentes, e é por isso que cada uma se desenvolve segundo a sua necessidade no mundo. Se auto preserve, preserve sua intimidade, eu sei que tem dias que é preciso dividir, mas este partilhar é íntimo com quem realmente merece te escutar, então cuide bem do seu sentir. Não podemos compartilhar uma garrafa de vinho, se estamos todas aqui como adversárias, inimigas, cada uma de nós vive suas lutas, suas batalhas, suas derrotas e vitórias, do cair e se erguer; E cada vez que você olhar para uma mulher, olhe com olhos de enxergar, lembre-se que ali habita outro ser muito parecido com você. E assim me comemoro mulher! Degustando-me no vinho de mim mesma.

Jornalista, sommeliere e gastrônoma Edna Gomes

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